Estava ainda h á pouco a ouvir uma música dos XUTOS E PONTAPÉS ,quando ouço o Tim a cantar o seguinte:
"Gritos mudos chamando a atenção
p'r á vida que se joga sem nenhuma razão
e o coração aperta se o estômago sobe à boca
aquecendo os ouvidos com uma canção rouca
e o perigo é grande e a tensão enorme
afinam-se os nervos até que tudo acorde
Gritos mudos chamando a atenção
p'r á vida que se joga sem nenhuma razão"
e fez-se um clik um grande clik .
E lembrei-me de uma conversa de ontem á noite com o meu filho de oito anos, o meu lindo filho , aquele que me faz chorar pelos cantos ao pensar no seu futuro , na sua vida, mas eu vejo-me tanto nele, naquele feitio confuso, naquele tanto querer e não ter a mão certa para o levar, e escrevo isto com as l á grimas nos olhos, porque custa tanto admitir a nossa semelhança.
Eu quando tinha a sua idade devorava livros, não havia PC, não havia canal Discovery , nem o Odisseia, nem o National Geographic para me esconder, então eram os livros e ficava para ali, noutros mundos, noutras fantasias, noutras realidades, nesses momentos não havia ninguém, não ouvia ninguém , esses momentos só eu existia. E ele é assim!
Eu nunca quis pensar assim era mais f á cil dizer é como o pai, super inteligente, uma inteligência desperdiçada pela falta de uma condução eficiente , mas não é assim.
É sim inteligente, prov á velmente mais que a média ,mas no fundo e apesar disso é um menino de oito anos igual á mãe quando tinha a sua idade ,e isso aterroriza-me , tanto, mas tanto porque a mãe ainda se lembra de como foi ser sempre diferente, de como foi ser sempre desintegrada .
Ó Deus a mãe não queria isso para ti!
Desculpa filho, a mãe queria -te feliz, mas a mãe vê-te assim igualzinho.
Vais ter de crescer, e agora sei que o vais querer fazer sozinho e á tua maneira, mas vai ser tão difícil , a mãe sabe disso, a mãe agora sabe disso, fez-se luz. Mas não esqueças a mãe est á aqui, sempre , para sempre, mesmo que não me abraces, mesmo que não me beijes, a mãe agora percebeu como és. Desculpa filho a demora , mas á s vezes as mães têm coisas destas, ficam assim como que paradinhas.
A mãe est á aqui para te ouvir , mesmo que sejam gritos mudos, a mãe est á aqui para te dizer que o mundo é assim, mas consegue-se ir em frente , a mãe agora est á em luta, sim em luta , e vai lutar por todos e por tudo.
Eu sei que por vezes as borboletas andam num baile frenético dentro do nosso estômago , eu sei que os nossos ouvidos ouvem o que não queremos, eu sei que a tensão é muita.
E eu percebi o que disseste ontem quando te perguntei do que gostas mesmo e tu disseste :"jogos" (leia-se de PC) e a mãe perguntou e no resto das coisas na vida por exemplo e tu disseste:" do que vem no outro dia, o que vem depois nunca se sabe como é".
A mãe quando tinha a tua idade sonhava com o dia em que iria ao espaço, o sonho de uma vida, a mãe não tinha dúvidas que a evolução ia ser tão r á pida que neste momento iria estar entre as estrelas, num outro lado do universo, iriam existir vaivéns para quem quisesse sair daqui , e a mãe queria tanto ir para o espaço, trabalhar para l á ( muita serie de ficção cientifica), e tudo seria tão diferente. Este foi um sonho , um dos meus , um dos tantos nunca partilhados, fica hoje para ti e para o mundo.
A mãe nunca sonhou contigo , mas filho acredita que és o meu maior sonho, o meu maior projecto de vida, nunca te trocaria por uma viagem á lua.
A mãe ama-te muito
Mãe!
Mãe!
Mãe!
Mãe!
Mãe!
Mãe!
Mãe!
Todo o santo dia assim, já vos apeteceu algum dia passarem directamente da sexta para a segunda de manhã, sem sequer passarem por casa?
È tão grande este cansado, esta sensação de irritação , este não saber como aguentar com tudo o que a vida nos joga para cima, ester perguntar que mal fiz eu ?
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